Review Te Amo Lá Fora - Duda Beat

24/09/2021

VOLTEI. E dessa vez com um álbum nacional lançado alguns meses atrás (alguns muitos), porém que segue envelhecendo igual um bom e velho vinho tinto e esse é o segundo álbum de estúdio da cantora pernambucana Duda Beat.

Após do muito bem-sucedido álbum de estreia Sinto Muito, o sucesso de Eduarda Bittencourt Simões ia aumentando cada dia que passava e aumentava seu público que era atraído graças a músicas como Bixinho (que fez um sucesso estrondoso tanto na versão original quanto no remix com Lux e Tróia), Bédi Beat e Bolo de Rolo (que ainda teve uma versão com o cantor Nando Reis), a cantora independente começou a ser requisitada e chamada para participar em outros projetos como por exemplo: o remix da música do Tiago Iorc (Tangerina), sua participação no álbum de releituras de algumas músicas da Adriana Calcanhotto (Nada Ficou no Lugar), a música Sobrou Silêncio que faz parte do álbum Tão Real do cantor Rashid, a música não passa vontade da dupla ANAVITÓRIA, entre outros feats e participações.
No meio disso tudo, fãs da cantora começaram a se perguntar quando que viria um novo álbum e (infelizmente) com o surgimento da pandemia, essa questão ficou de ser respondida por um tempo até esse ano, mais especificamente em março de 2021 com o lançamento do primeiro single do álbum, a faixa Meu Pisêro.
No mês seguinte o tão aguardado segundo álbum foi lançado e com 11 faixas (ainda tendo um faixa-a-faixa no insta da própria Duda), o álbum mescla pop, mpb, brega e tecnobrega em um conceito e instrumental mais sombrio se comparado ao primeiro álbum. Agora sem mais enrolação vamos começar a review:


• Tu e Eu (ft. Cila do Coco): Primeira faixa do álbum (além da primeira faixa com um feat) e aqui temos uma ótima abertura ao disco, sem contar que ela homenageia o estado Pernambuco. A música fala sobre você estar sofrendo por alguém mas não deixar isso te abalar completamente, com você querendo ir pra festas com ou sem aquela pessoa estando lá também, pois a noite é apenas sua e de mais ninguém.

• Meu Pisêro: Segunda música do disco e ela é a primeira faixa do álbum a nos ser apresentada. A música fala sobre a Duda (ou Dudinha... ou Dudeca... tá, só Duda mesmo) ter amadurecimento emocional ao amar alguém e não ser correspondido da mesma forma e no final ela mostra que ela amadureceu bastante desde o início da faixa ao ela falar sobre perdão. Como a própria Duda Beat disse em seu Instagram "[...] A reviravolta no final da música, que termina em perdão, mostra a minha maturidade frente ao amor e a compreensão de que tá tudo bem amar alguém e não ser correspondida [...]". Mesclando tecnobrega e pop, a faixa é definitivamente uma das melhores músicas do ano e eu digo isso tranquilamente.

• Mais Ninguém: Terceira faixa do disco e aqui é pra você ficar dançando sozinhe no meio da sala, com a caixa de som no último volume enquanto segura uma cervejinha gelada sem nem ligar q tá 100% apaixonade pelo fulaninho lá e você jura que só vai sentir isso por ele. A faixa fala sobre essa sensação de paixão arrebatadora por alguém, que você se declara por essa pessoa e é um momento quase mágico pra você.

• Nem Um Pouquinho (ft. Trevo): Quarta faixa do álbum e segundo (e último) feat do mesmo, nas palavras da Duda: "Esse feat com o @trevoimprovavel, um artista que eu adoro e que faz um pagodão baiano massa, fala sobre aquele amor desapegado. Daquele tipo 'você não vale nada e eu sei disso, mas quero mesmo assim'. Nela também temos o conflito de uma pessoa que sabe que não pode se apaixonar, mas acaba se envolvendo (quem nunca?). No fim das contas, ela é sobre amar, chorar e se desapegar também". Mesclando Pop, Xote e o conhecido Pagodão Baiano, a faixa é um simples porém bem elaborado sim. pra pergunta quer dançar ou sofrer por elu?

• Melô De Ilusão: Quinta faixa e aqui ela tem uma vibe mais Sinto Muito, e não é por menos, já que ela era pra ter entrado no álbum anterior. A música tem um instrumental e produção mais "contidos", feitos pra combinar com a letra que por sua vez fala sobre ir se jogar de cabeça nesse novo amor, mesmo com um pé bem atrás a respeito. A música é ótima, combina com a premissa do álbum mas EU - particularmente falando - não curti muito essa, tanto que essa é a segunda que eu menos escuto do álbum todo.

• Game: Sexta faixa e aqui é uma situação que muitos sabem muito bem como é: quando você gosta de alguém mas rola um jogo de desinteresse pra rolar um ciúme, um desconforto. No início da faixa é sobre a Duda estar fazendo o joguinho, mas depois do primeiro refrão a faixa vai se transformando para algo que a outra pessoa também está começando a fazer e aí a Duda resolve largar a mão dessa situação toda que a não fazia bem. O instrumental combina bastante com a letra, fazendo alusão a um jogo mesmo, daqueles que você tá enfrentando um boss e ele é complicado de derrotar, sabe? Pois é.

• 50 Meninas: Sétima faixa e aqui por mais que pareça ser meio passivo-agressiva a música como um todo (letra e instrumental), a Duda ainda é bem mansa com seu ex-amado. Embalada num reggae gostosinho de se ouvir em uma brisa de final de tarde, aqui ela nos fala sobre você simplesmente desistir de uma pessoa pois você está cansado de fazer parte da fila de ilusões que ele tem (nesse caso a Duda e outras 50 meninas que ele constantemente iludiu). Um problema que eu gostaria de falar do álbum nessa faixa aqui é um "medo" de mergulhar mais a fundo em alguns gêneros, mas aqui a Duda se joga de corpo e alma e não tem medo de errar, e olha só, não errou.

• Decisão de Te Amar/≈ (♡ω♡): Decidi falar da oitava e a nona faixa juntas pois, bem, ≈ (♡ω♡) é mais um interlúdio que finaliza a faixa anterior. Em Decisão de Te Amar, Duda vai sem dó nem piedade na contramão do que o álbum está nos apresentando, nos mostrando o lado bom e feliz do amor, que quando você é amade e respeitade por seu amor, não há sentimento melhor no mundo. Igual em 50 Meninas, aqui também é um reggae do bom porém sem ser algo mais, como posso dizer, triste. Aqui o instrumental eleva e muito o significado da letra em si e não consigo ver a música de outra maneira.

• Meu Coração: Décima faixa do disco e essa é pra você chorar, mas é chorar mesmo, de ficar em posição fetal no sofá da sala olhando pra tv desligada e chorando de dor por não saber o que é real e o que não é entre você e seu grande amor. A música não tem beat, a música é apenas arranjo de cordas pois é feita pra tocar na ferida. A penúltima faixa é um bom pré encerramento e vem com os dois pés te relembrar que o álbum não é good vibes sobre o amor, é sobre o quão cruel ele é com quem é ingênuo.

• Tocar Você: A última faixa do disco é mais um aprendizado do que a gente foi ouvindo ao longo do álbum, servindo como conclusão. Sendo uma faixa que a Clarice Falcão poderia facilmente usar pra si, Tocar Você é uma faixa de amadurecimento emocional, no qual nas próprias palavras da Duda Beat: "[...] Apesar de admitir que ainda dói um pouquinho, eu digo que não tem mais jeito, não posso mais tocar você e nem beijar você. As pessoas que passaram na nossa vida têm importância, nos ensinaram coisas, nós ensinamos coisas à elas, o amor não acabou, ele se transformou [...]".


Considerações Finais: O nome do álbum ser Te Amo Lá Fora poderia ser invertido pra Tô Beirando o Ódio de Você Aqui Dentro, já que conforme o álbum vai passando você não só sente como também percebe que a Duda tá infinitamente mais ela com ela mesma em seu interior, e que o amor sobre outras pessoas está bem longe, quase que distante. O interlúdio eu odiei, e Melô De Ilusão é algo muito meh, mas colocando em uma balança é bem claro qual lado pesa mais: uma música e meia ruim não contrabalanceia nove músicas incríveis. No geral esse álbum da Duda com certeza é mais maduro que o seu álbum de estreia e ela agora quer arriscar em outras coisas e vimos algumas dando mais do que certo, como em 50 Meninas e em Decisão de Te Amar.

Nota: 8.4/10

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