Review Pirata - Jão

27/10/2021

Sabe o que une o brasileiro mais do que dor de chifre? Dor de término e paixonite, não é a toa que artistas como Adele e Sam Smith são extremamente populares aqui, mas também temos exemplos nacionais que escapam da bolha sertaneja: ANAVITÓRIA, Tiago Iorc, e mais recentemente o cantor Jão, que conseguiu emplacar seu terceiro álbum de estúdio no top10 global do Spotify, e de quebra tá com polêmica de plágio no post que fez anunciando a turnê do seu álbum intitulado Pirata.

Honestamente eu só gosto de música lenta pra chorar ou dormir, mas aí eu não choro pra música lenta, então eu só durmo mesmo, e pra mim o Jão é um alguém indeciso nessas horas: ou ele quer que você chore, que você durma chorando ou que você apenas encare silenciosamente pra parede da sua sala sem esboçar nenhuma reação ou emoção. E eu gostava dele... anos atrás, então realmente não sei se mudou muito... não sei nem se mudou pra falar a verdade, ouvi Coringa um faz um tempo aí e eu pensei mulher como que pode não mudar nada?
Com 11 faixas, o álbum tem 33 minutos. Pra 11 faixas, 33 minutos. Quase metade do álbum tem músicas de menos de 3 minutos e tem uma música que compensa pelo menos duas músicas X e tem 5 minutos de duração. Essa era de músicas curtas tá matando a indústria. Voltando ao álbum, vamos começar a review como sempre pela primeira faixa:


• Clarão:  SOLTA O EDM AÍ DJ! 3 minutos e 10 segundos muito bem produzidos, Clarão é muito bom gente, como que pode. Tô clareado aqui enquanto ele fala sobre seu amor no estilo mais Priscila Alcântara possível.

• Não Te Amo: Segunda faixa e é legalzinha né, tem clipe e tudo. Não tenho muito o que falar dessa, pra mim ela é ok. Pelo pouco que me lembava do Jão é que ele nunca fez música na má vontade, se era ruim era outros 500, essa aqui não é mal feita, mas não acho TÃO boa no geral, é bem ok , mas o EDM me conquistou. O clipe da música se passa em um pré fim do mundo (?), não sei bem, não me dei o luxo de ir ver.

• Idiota: Terceira faixa do disco e nossa senhora bateu um sono ouvindo essa. A música me lembra muito aquelas bandas indie de rock BR no final dos anos 2000, principalmente na letra que fala sobre o Jão apaixonado e agindo igual... bem, idiota, com a pessoa que ele ama, mas ela não parece amar muito ele de volta não. A música me parece um ótimo Rivotril, recomendo.

• Santo: Idiota é pra quem tá apaixonado por alguém não muito afim nela, essa é a versão da outra pessoa. A quarta faixa é um ótimo contraste da história contada na faixa anterior, e finalmente podemos ouvir uma música do Jão trambiqueiro. Eu lá quero saber dele sofrendo por amor, tem que ter mesmo é traição, falsa promessa, aviso de que não presta, essas coisas.

• Acontece: Quinta faixa e o Jão trambiqueiro foi embora, voltou o sofredor, e voltou também o Rivotril. Essa música é tão... fraquinha. Em uma linha de músicas do Jão, as duas pontas são o seguinte: as mais animadas nos parâmetros dele (A Rua e Clarão representando esse extremo) e a outra ponta é chorar no banho no maior exagero (onde fica a maioria das músicas dele, destaque pra Enquanto Me Beija, essa em especial nem se ele nascer de novo faz mais triste), essa música tá exatamente no meio da linha. E no meio da linha das músicas dele, quase todas são esquecíveis. Essa é uma delas, inclusive não tem muito o que falar da letra dessa daqui não, é o Jão trambiqueiro pagando com a língua toda a cachorrada que fazia em Santo.

• Você Me Perdeu: Sexta faixa e seguindo o sistema da linha, essa é mais pra ponta do chorar no banho. Se você ainda não notou, da terceira faixa pra essa aqui rola uma conversa entre o Jão sofredor (Idiota) e o Jão trambiqueiro (Santo), na qual Acontece é o trambiqueiro pagando com a língua por ser um otário com o sofredor. Aqui é a resposta do sofredor pro trambiqueiro, ponto. Não é ruim, essa eu acho fofa até, só que *censura* hein, as fofas também são tristes? Saiu do EDM que tinha nas duas primeiras faixas e voltou pro rock sofrência.

• Meninos e Meninas: Sétima faixa e essa é bem fácil de falar sobre: é bissexual energy. Essa é legal, pena que é uma das mais animadas dele, e por essa aqui você nota que não é necessário muito esforço pra colocar uma no outro lado da linha.

• Coringa: Oitava faixa e é essa aqui, com certeza é essa aqui. Essa é a ruim do disco, quem discordar discorde aí da sua casa. Me lembra muito da primeira era, aquela dos singles soltos, quem acompanha ele a mais tempo sabe do que eu tô falando. Mas por que eu acho ruim? Porque é uma inspiração mal feita das músicas antigas dele, não dá sono mas dá preguiça.

• Doce: Nona faixa e essa é tão chata. Acho que a coisa mais interessante aqui não é nem a música em si, e sim a teoria doida de que ele compôs Doce pra Luísa. Ela é tão morna que uma pessoa aleatória que não é fã dele não lembraria, na verdade nem sei se o fã vai lembrar. Sou mais o Doce da Juliette.

• Tempos De Glória: Décima faixa e essa é legal, e ainda faz muito sentido com o livro A Canção de Aquiles, não que seja um mais, eu li pouco e o que li odiei, mas a música deu todo um tchan. Inclusive se depois dessa fosse Acontece faria muito sentido com a história contada ali.

• Olhos Vermelhos: Fechando o disco chegamos na décima primeira faixa e ela não é ruim, mas incrível né como ele pode fazer uma música em banho maria igual essa aqui e os fãs gostam. É o que disse anteriormente: ele não faz música na má vontade, mas se é boa é algo questionável, e aqui é questionável se é ruim também. Nessa aqui ele produziu, compôs, interpretou, fez o corre todo sozinho, então créditos a ele por ter a visão artística bem fechadinha aqui, mas também é meio complicado falar que é básica essa aqui pois é só ele que fez, pelo menos essa é a faixa com mais de cinco minutos que falei.


Considerações Finais: O álbum todo é bacana, seria injusto chamar ele de ruim pois ele não chega tão perto assim, mas também não é lá uma obra de arte. É um álbum banho maria como um todo: não sai da zona de conforto mas rola umas arriscadas seguras por assim dizer. O estilo dele é esse, não tem muito o que falar a respeito, as arriscadas que ele deu nas duas primeiras faixas (também que só foi nelas) foi bom de se ouvir, mas é muito chato notar que ele tem conhecimento de que seu público é de gente corna mansa e apaixonada e ele não pretende fazer músicas que vão muito além disso, também que a voz dele é naturalmente grave né, não tem muito como pedir algo diferente tipo, sei lá, um I'm Ready ft. Demi Lovato sabe. Pode sair ruim, então tem que esperar ele transcender tal qual transcendeu em Clarão.

Nota: 6.7/10

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