Review If I Can't Have Love, I Want Power - Halsey
Um álbum mais teatral em seu conceito é um projeto ousado e ambicioso, e em uma situação pandêmica na qual nós todos vivemos, esse projeto fica mais ambicioso se considerado que o álbum foi produzido remotamente em sua maioria: como os vocais, bateria, produção, instrumentais etc. Álbuns produzidos remotamente meio que virou um fato recorrente desde fevereiro do ano passado, mas isso cai naquele famoso caso de trabalho em grupo da escola: todo mundo faz uma parte do trabalho que a professora Sueli mandou fazer e depois junta tudo pra ver como ficou, e no final normalmente dá errado... mas também pode dar certo, como por exemplo o De Primeira, que foi produzido quase que de maneira inteiramente remota e no final deu super certo. Mas e aqui, no álbum da Halsey, que é uma cantora com a pele mais negra que a população de Wakanda, deu certo?
Sendo sincero aqui com vocês: eu tô enrolando basicamente até o momento de fazer essa review pra terminar de ouvir o álbum, e o problema não é o álbum em si, sou eu que tenho preguiça mesmo, desculpa. Como eu estou enrolando pra ouvir o álbum e eu já não adiantava o que eu acho em qualquer post meu, aqui não vai ser diferente galera, lidem com isso. O que eu destaco além da capa poderosa e inspirada em um retrato de Maria, é que o álbum vai muito no caminho do estamos na idade média? Sim. Mas em 2021? Exatamente.
Com 13 faixas em sua versão "básica", incríveis e absurdas 14 faixas nas versões japonesa, Target e HMV, e 15 faixas na versão vendida pelo Walmart; o álbum varia de 42 a 50 minutos de duração, mas como não existe mais o Hits e Beats pra eu poder ouvir as duas faixas extras então vou me conter e falar somente das 13 faixas e seguindo minha metodologia nem um pouco duvidosa, vou destacar apenas algumas, começando pela primeira faixa (como sempre):
• The Tradition: Vou começar dizendo que essa música dá um 10 a 0 em TANTAS introduções de álbuns lançados recentemente que chega a ser desonesto falar muitas coisas que eu queria falar, então vou me conter. Acompanhada apenas de um pianinho e sua (provável) inspiração em Game Of Thrones, Halsey chega com toda a delicadeza do mundo pra falar sobre o machismo na sociedade e como algumas "garotas" são "vendidas" entre os homens.
• Bells In Santa Fe: Segunda faixa do álbum e tem uma leve transição do final da primeira pro início dessa, é algo muito sutil pra falar a verdade. A música em si é incrível, muito bem produzida e uma letra forte pra *censura* pra deixar passar despercebida. Como eu disse antes, o álbum tem um conceito bem teatral e ele também exala bastante um conceito de idade média, então aqui não é diferente; como o conceito do álbum é idade média, ele fala muito sobre religião também, e aqui é um exemplo de religiosidade, mais pro lado da blasfêmia.
• Easier Than Lying: Terceira faixa do álbum, essa também tem uma transição do final da segunda faixa pra essa e aqui é puro rock amor. Ouvindo essa faixa eu não só reforço (pra mim) a ideia de qual é o gênero musical em alta atualmente como também noto que a Halsey se encaixa muito melhor fazendo algo mais rock/pop do que pop em si. Essa faixa é muito uma música de frustração, e não seria de menos em um álbum que mescla a antiguidade com a atualidade, os meses de gestação da Halsey serviram grandes reflexões pra ela.
• Girl Is a Gun: Quinta faixa e não, não tem gancho da terceira pra quarta faixa, por isso pulei. Mas eu também queria falar dessa aqui em especial pois esse synthpop vai muito contra o álbum, pois enquanto o álbum todo é maior clima pesado, essa aqui é extremamente de boinha na batida... e fica só na batida mesmo, pois a letra é ácida igual Sweet But Psycho da Ava Max. No geral eu não gostei dessa não, pra mim entraria melhor no segundo álbum dela do que nesse.
• 1121: Oitava faixa do álbum e por mais que muitos digam que essa é a melhor faixa do disco, eu vim aqui dizer que: é mesmo, uma das melhores canetadas da Halsey não só do álbum como da carreira toda. Lembrando o Paramore em seu primeiro álbum, a música (também) utiliza do synthpop em seu instrumental igual Girl Is a Gun, mas diferente da quinta faixa, aqui é melhor utilizado (sem contar que a batida cresce conforme a música segue mas não cresce tanto, dando espaço pro piano fazer seu show). A música em si fala sobre um amor que te destruiu por inteiro.
Funfact: 1121 é a data que a Halsey descobriu que estava grávida (no caso dia 21 de novembro).
• honey: Nona faixa, e aqui a Halsey resolveu voltar a flertar com o rock. Eu tentei encontrar palavras pra descrever essa faixa que ia além do "música dançante, tudo de bom e de melhor no disco" então eu achei um tweet que encaixa perfeitamente no que eu queria dizer mas não soube como (créditos ao @jrdfxx): "Se esse álbum fosse uma caixa de chocolate, essa música ia ser o Sensação. Os outros são muito bons, mas esse tem um brilho"
• Whispers: Décima faixa do álbum e aqui eu senti que a música falou um pouco de mim e das minhas vozes da cabeça(?), eu estou um pouco chocado e eu exigo 51% dos lucros dessa música aqui. Muitos dizem que 1121 é a melhor da Halsey mas a melhor mesmo é essa aqui, melhor do álbum todo e a 2ª melhor da carreira dela, falo isso com extrema tranquilidade enquanto estou sentado de maneira questionável na cadeira. Whispers poderia ser um bom encerramento de álbum mas Halsey não quis, e eu acho justo, pois esse álbum está sendo uma grande experiência, e igual em 1121, aqui ela dá espaço ao piano que segue ACOMPANHADO do synthpop e isso até agora está se mostrando uma grande combinação e que merece maior atenção.
• Ya'aburnee: Décima terceira faixa do álbum e pra entender melhor o que essa música significa, primeiro temos que saber o que é ya'aburnee: isso é uma palavra em árabe para "declaração da esperança de que um morra primeiro que o outro porque seria impossível continuar vivendo sem essa pessoa". Sim, significa isso tudo mesmo. Essa faixa encerra perfeitamente o disco, além de ser a faixa que mais exala o "estou apaixonada por você de maneira extremamente poética, chore ouvindo a poesia que fiz". A música em si: é guitarra e piano, basicamente, e só isso basta pra você sentir o peso da música, e aqui a Halsey nos fala sobre essa tal paixão poética sobre alguém. Das melhores canetadas dela essa aqui não é a melhor mas entre as músicas mais lindas dela, essa com certeza fica em primeiro.
Considerações finais: O álbum quis te passar uma experiência teatral e de idade média e TIRANDO Girl Is a Gun, ele faz isso perfeitamente, desde o início até o final, variando entre faixas "fofas" e faixas mais cruas que foram feitas pra tocar nas suas feridas: sejam abertas ou não. No meu ranking pessoal esse álbum é melhor que o Badlands (2015), mas pra mim faltou um toquezinho pra superar o Manic (2020), e esse toquezinho é tirar Girl Is a Gun da tracklist do álbum. Como um todo o álbum pra mim é isso aqui:

Pra mim o álbum merece pelo menos indicações no Grammy pela extrema qualidade e bom gosto em sua seleção de faixas.
Nota: 9,4/10
A próxima review vai ser o Donda e eu não garanto absolutamente nada do que eu posso falar desse álbum, já deixando avisado.