Review De Primeira - Marina Sena

23/08/2021

(Acharam que eu não ia fazer uma review de qualquer artista brasileiro, né? Acharam errado, apenas esperei pelo melhor)

O cenário musical mineiro mexe com a gente... tá, talvez não mexa com vocês, mas mexe comigo. Exemplo é o ex-grupo Rosa Neon, mas aqui eu não vou falar do grupo e sim de uma das ex-integrantes dele: Marina Sena. Vocês talvez a tenham ouvido em Tema ou em Ombrim, música do grupo Rosa Neon na qual a destaca, ou até mesmo em Me Toca, hit mais recente dela e que faz parte do seu primeiro álbum. Na última quinta (19), Marina lançou o seu tão aguardado álbum de estreia, o De Primeira.

Com 34 minutos divididos em 10 faixas e absolutamente nenhum feat (além dela ter composto todas as faixas), a Marina fez de tudo pois ela entregou talento e sonoridade muito bem dividida e orquestrada com MPB, samba e axé, tudo isso em batidas pop envolventes, sem contar que ela escolheu a dedo faixa por faixa para ser uma experiência completa de ponta a ponta. O nome do álbum tem três justificativas do porquê desse nome:


1 - Porque a Marina acredita que o álbum vai fazer sucesso: e realmente vai fazer, o álbum é de pessoa apaixonada e também fala de relações amorosas. Se não fizer sucesso quem tá perdendo é o povo desse Brasil;

2 - Porque ela confia na qualidade do registro: o nome é bom e ela acredita que o disco é de primeira qualidade (spoiler, é sim);

3 - Porque era uma expressão usada pela sua avó Estelinha: eu vou pegar a entrevista que ela fez pro Estado de Minas que ela explica melhor:

"[...] Essa era a expressão que minha avó dizia muito: 'De primeira as coisas eram diferentes', 'de primeira a carne era mais barata'. Ela a usava para falar das coisas de antes. Sinto que meu disco traz uma nostalgia, parece que já existiu em um tempo que ninguém sabe"


Explicado isso, vamos agora falar de faixa por faixa, começando pela primeira que é single carro-chefe do álbum:

• Me Toca: Essa é bem conhecida aos nossos ouvidos mas mesmo assim eu vou falar dela. Lançada em janeiro desse ano, a música é um pop todo sensual sem abandonar a brasilidade nele. A música é, como eu prefiro dizer: um convite ligeiramente formal pra você ir parar na cama dela. Eu amo essa.
Funfact: o álbum já estava pronto quando a Marina resolveu lançar Me Toca pro mundo todo tocar, mas ela resolveu segurar o álbum por mais um tempo depois de pronto pois ela estava envolvida em outros projetos como: o EP de despedida dela da banda O Outro Lado Da Lua e os últimos trabalhos do Rosa Neon.

• Pelejei: Matutei, fui atrás de me tirar pra fora dessa. Perdão, empolguei. A segunda faixa do álbum nos apresenta elementos da música baiana enquanto nos conta sobre aquela pessoa que nos envolve e até que não é ruim esse envolvimento em certo ponto.

• Por Supuesto: A melhor do álbum pra mim, licença, sai da frente, essa aqui até me arrumo na cadeira pra falar sobre (como uma boa bee chá). Terceira faixa e aqui ela tá apaixonada com FORÇA, conta sobre aquela pessoa que mexe com você e por mais que note, você vai fazer muita coisa a respeito? Então, não vai, o máximo que você faz é não enfiar os pés pelas mãos e sim ser paciente enquanto você espera chegar e já cair no mar.

• Cabelo: Quarta faixa e a mais longa do álbum junto de Amiúde, essa aqui é pra você dançar bem pertinho daquela pessoa, sabe... ficar curtindo a música colado na pessoa, olhando no olho, sem reparar no tempo passando ao redor... ai, emocionei aqui, desculpa. Vamos pra próxima.

• Voltei Pra Mim: A quinta faixa a gente já conhece, foi lançada em junho desse ano sendo o segundo single do álbum e essa aqui é aquela música que você ouve olhando pro horizonte sozinhe na beira da praia ou sentado na laje de casa mesmo, porém estando sozinho e se reconectando consigo mesmo depois de um fim de relacionamento no qual você já se sentia desconexo dele.

• Temporal: Sexta faixa e é a triste do álbum, e eu fiquei chocado que ele tem música triste na primeira vez que ouvi mas depois eu fiquei "justo". A música fala sobre uma relação tempestuosa (ba-dum tss) que mexeu com a Marina muito e agora ela precisa se entregar ou deixar a ferida aberta.

• Tamborim: Cabelo é pra você dançar colado, essa é pra dançar um sambinha gostoso no barzinho que todo mundo vai e de lá vocês saem pra curtir a noite no maior estilo paz e amor possível, tudo de bom e de melhor na sétima faixa do álbum... menos o fato que tá chegando no final já, aí não é tudo de bom e de melhor.

• Amiúde: O significado da palavra amiúde pra contextualizar melhor a oitava faixa: repetidas vezes, com frequência, a miúdo. Tendeu? Tendeu.

• Seu Olhar: TOCA O REGGAE DO BOM AÍ DJ. Misturado levemente com um funk, a nona faixa do álbum faz muito parecer que a Marina olhou no olho da Gal Costa e falou "eu ainda vou te dar muito orgulho velha".

• Santo: Décima e última faixa do álbum, a música como um todo é melancólica, com um ar de ressaca da noite anterior sabe? Pois é, é a música. Na última faixa do álbum, ela nos fala sobre ela ser livre e viver em solitude. Bela.


Considerações Finais: Um dos melhores álbuns nacionais e internacionais do ano SIM, o De Primeira foi um projeto muito bem elaborado e produzido durante a pandemia e transbordando de qualidade e sons envolventes brasileiros, tudo isso acompanhado da voz única e aveludada de Marina Sena. Somando tudo, o álbum é um 10 em todos os sentidos e superando expectativas dadas a o que seria e como seria o primeiro trabalho solo dela. Temos SIM que ficar de olho no cenário musical mineiro e temos também que ficar de olho nela (Marina), pois ela tem uma visão muito clara de o que quer pro seu futuro enquanto artista e o seu álbum de estreia é um ótimo pontapé inicial para isso. Agora licença que vou me encarregar de fazer esse álbum ficar entre os meus mais escutados do ano no Spotify.

Nota: 10,0/10

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